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Aprendendo com Maria


“Maria, porém, guardava todas estas palavras, meditando-as no coração.”  (Lucas 2.20)

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Todos conhecemos a história de Maria, a mãe de Jesus. Ela era uma virgem desposada, que tinha um compromisso de casamento com José, descendente de Davi. E a ela foi enviado um anjo que a saudou dizendo: “Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo.” (Lc 1.26,27,28).
Imagino que ao ver um ser angelical falando conosco, podemos mesmo ficar sem fala. Porém, não foi a visão do anjo que emudeceu Maria, mas sim as suas palavras:  “Ela porém, ao ouvir esta palavra, perturbou-se muito e pôs-se a pensar no que significaria esta saudação.” (Lc 1.29). Foi aquela saudação que chamou a sua atenção! E imagino que muitos de nós em vez de se pôr a pensar “naquelas palavras” como Maria o fez, agiríamos de forma diferente! Talvez observássemos apenas a aparição do sobrenatural e como o sacerdote Zacarias, pai de João Batista, também visitado por Gabriel anteriormente, encheríamos o nosso coração de temor (Lc 1.12), sem atentar para o que mais importa, a mensagem celestial! Para muitos, tal reação é algo que pode ser considerado natural, já que trata-se de um acontecimento  sobrenatural, porém a sequência dos fatos ocorridos depois, nos demonstram a diferença entre a atitude de ambos, o que certamente nos traz alguns ensinamentos.
No decorrer da narração bíblica, aprendemos com a fé de Maria e a descrença de Zacarias. Para os dois a situação era inédita e aos olhos humanos, impossível! Um já era avançado em sua idade assim como sua esposa Isabel e logo demonstrou a sua falta de fé, o que foi repreendido pelo anjo que lhe disse: “[...] Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para falar-te e trazer-te estas boas novas. Todavia, ficarás mudo e não poderás falar até ao dia em que estas cousas venham a realizar-se; porquanto não acreditaste nas minhas palavras, as quais, a seu tempo, se cumprirão.” (Lc 1.19,20). Desde o momento em que o anjo Gabriel se apresentou a Zacarias e contou a ele o que o Senhor estava para fazer, os sentimentos do mesmo foram o temor e  incredulidade! E quanto a Maria, nada disse. Apenas dispôs-se a meditar sobre o significado daquela saudação que lhe foi imediatamente esclarecida pelo anjo: “Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás a luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus  [...]” (Lc 1.30,31). Então, depois de tudo ouvir e por ser uma moça virgem, e que guardava-se para o seu noivo José, questionou ao anjo: “[...] Como será isto, pois não tenho relação com homem algum? Respondeu-lhe o anjo: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus.” (Lc 1.34,35). E diante de tão grande revelação, ser a “mãe” do Filho de Deus, qual foi a sua reação? “Então, disse Maria: Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra. E o anjo se ausentou dela.” (Lc 1.38). E com certeza , mais uma vez foi aprovada, porque creu na Palavra do Senhor!
Que situação passou a viver Maria então? O que se passava em sua cabeça? Era jovem, inexperiente e imaginem como estariam seus sentimentos ao saber que ficaria grávida pelo poder do Espírito de Deus e que seria a mãe de Filho Dele? Era muita honra para aquela menina que o Senhor conhecia tão bem e que sabia poder confiar a tão sublime missão! Ela também dispôs-se apressadamente à região montanhosa para visitar Isabel. Queria repartir com sua prima que também vivia um milagre de Deus, a sua alegria e o seu entusiasmo (Lc 1.39,40). Isabel ao vê-la foi cheia do Espírito Santo que proclamou entre outras coisas, “bem-aventurada a que creu, porque serão cumpridas as palavras que lhe foram ditas da parte do Senhor”. (Lc 1.45). Glória a Deus pela fidelidade e confiança de sua serva, que depois O exaltou com um cântico que Lhe demonstraria toda a sua gratidão por atentar para a sua humildade (Lc 1.48).
E o tempo se passou, e Jesus nasceu e foi reverenciado pelos anjos. Os pastores O foram visitar e compartilharam com seus pais o que lhes tinha sido dito a respeito do menino. (Lc 2.17), e Maria permanecia ouvindo, “[...] guardava todas estas palavras, meditando-as no coração”. ( Lc 2.19) Depois foi Jesus apresentado no templo. Simeão e a profetisa Ana estavam lá para confirmar ao coração de seus pais, por meio de suas palavras dirigidas pelo Espírito Santo, a excelência daquele “menino”! “Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe do menino:”Eis que este menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição (também uma espada traspassará a tua própria alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.” (Lc 2.34,35). Maria ouviu que também iria sofrer por seu Filho! E assim foram se passando os anos e Jesus crescendo e com certeza sendo sempre observado por ela e José em situações que foram ocorrendo. Porém, Jesus era-lhes submisso e sua mãe continuava a guardar todas estas coisas em seu coração (Lc 2.51).Chegou então o momento da cruz; depois de uma longa caminhada para o Senhor e lá estava ela, atentando para o desfecho de tudo aquilo que havia visto e ouvido e meditado desde o seu encontro com o anjo Gabriel.
Não era fácil o que assistia, o que sentia e com certeza a sua dor era tão intensa, dor de mãe! Mas mesmo fraca, abatida por contemplar o sofrimento de seu Filho, imagino que continuava a meditar sobre tudo o que acontecia e a guardar silêncio como era o seu costume.Acredito que Maria conversava com o Pai em seu coração e que esperava n’Ele a resposta para aliviar a sua dor! E essa resposta veio quando os três dias se passaram e Jesus ressuscitou! Ela glorificou o Senhor, igual ou mais até de quando entoou o seu cântico de louvor quando soube que seria a mãe do Salvador, do Seu próprio Salvador! Glória a Deus! Por tudo isso, aprendo com Maria! Ela era como a mulher virtuosa, descrita no livro de Provérbios, que encontrou a graça no coração de Deus! Era aquela que em nenhum momento se exaltou por ser a escolhida entre tantas jovens. Em nenhum momento argumentou o que poderia José sobre ela pensar, ao aparecer diante dele grávida. Aquela que em nenhum momento se esquivou da vontade de Deus para a sua vida.
Foi fiel até o fim em sua missão de mãe e também de serva. Soube desde o princípio quem era o fruto do seu ventre e O amou, e d’Ele cuidou, e com Ele caminhou e a Ele também serviu. E depois de Sua ascensão, foi-Lhe fiel juntamente com os irmãos e irmãs na fé e com os seus outros filhos, irmãos de Jesus, perseverando em oração (Atos 1.14). Que possamos da mesma forma, a exemplo de nossa irmã Maria, sermos servos humildes e cheios de fé. Sabermos ouvir a palavra a nós anunciada e nela meditarmos sempre em nossos corações.  Posicionarmos diante das provações que certamente a todos vêm cercar, para que por fim, sejamos também vitoriosos como ela o foi, ao  comprovar a veracidade de tudo o que viu, ouviu e creu.
 Fiquem na paz!
 :: Ana Lúcia Lemos